Unidade entre as mulheres é cada vez mais necessária

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Nesta quinta-feira, dia 8 de março, o mundo todo estará lembrando o DIA INTERNACIONAL DA MULHER. Diversas atividades estão sendo organizadas para marcar a data. Em Porto Alegre, as manifestações iniciam às 7h e se estendem durante todo o dia, finalizando com um ato na Esquina Democrática, às 17h, quando será realizada uma assembleia internacional das mulheres. Mas as ações para possibilitar a reflexão sobre a situação das mulheres e suas principais lutas não se resumem a um dia e se estenderão durante todo o mês de março.

Mais um ano, a mesma violência

Diversas pesquisas mostram que, apesar dos avanços, fruto de grandes e intensas lutas dos movimentos feministas, ainda há uma estatística vergonhosa quando se fala de violência contra as mulheres no Brasil, bem como em relação ao tratamento dado aos seus agressores, muitos dos quais se entendem como donos e não tem qualquer respeito pela vida das mulheres.

Em 2015, o Brasil registrou um estupro a cada 11 minutos. As estimativas variam, mas calcula-se que estes sejam apenas 10% do total dos casos que realmente acontecem quando a realidade pode estar perto do meio milhão de estupros a cada ano. Cerca de 70% das vítimas de estupro são crianças e adolescentes, agredidos por homens próximos às vitimas. Além disso, em 2016, cerca de 10 estupros coletivos foram  notificados todos os dias no sistema de saúde do país um número que da mesma forma, também não representa a realidade. Em contrapartida, somente 15,7% dos acusados por estupro foram presos.

Já em relação a violência doméstica e feminicídio, os números apontam que a cada 7,2 segundos uma mulher é vítima de violência física. Cerca de 30% foram mortas por parceiro ou ex-companheiro. Este número representa um aumento de 21% em relação a década passada, indicando que as mortes de mulheres estão aumentando.

É preciso ensinar o respeito a mulher

Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva aponta que 94% da população acredita que uma mulher ser ‘encoxada’ ou ter o corpo tocado sem a sua autorização é uma forma de violência sexual e a quase totalidade da população (96%) acredita que é preciso ensinar os homens a respeitar as mulheres e não as mulheres a terem medo. Além disso, de acordo com o estudo, 90% concordam que quem presencia ou fica sabendo de um estupro e fica calado também é culpado e a maior parcela da população (85%) acredita que mulheres que denunciam seus parceiros correm mais riscos de sofrer assassinato.  Vergonha e medo de ser assassinada são percebidas como as principais razões para a mulher não se separar do agressor e metade da população considera que a forma como a Justiça pune não reduz a violência contra a mulher.

Conhecer os dados e esta realidade é um passo muito importante para mudar este cenário. Muitas ações e avanços têm sido conquistados, mas a sociedade ainda está longe de uma situação que mude, de fato, a realidade das mulheres do ponto de vista da violência.

Neste sentido, o Dia Internacional da Mulher é um momento para refletir sobre estas questões e, mais do que isso, construir cada vez mais a unidade e a fortalecer as lutas das mulheres.

Reformas que atingem principalmente as mulheres

Neste ano também está na agenda de luta a resistência as reformas do governo Temer que atingem mais fortemente as mulheres, com perda de direitos específicos das mulheres do campo e da cidade. Em 2017, estas reformas já estavam na pauta e foi o 8 de março que desencadeou grandes manifestações contra as reformas trabalhista e da previdência. Esse ano a pauta mais forte é contra a reforma da previdência, pois representa uma ameaça à vida, o desmonte do Estado e a perda de direitos. Veja aqui estudo elaborado pelo DIEESE sobre as mulheres e a reforma da previdência.

As mulheres são as principais vítimas do desmonte dos serviços públicos, do desemprego, da precarização das condições de trabalho, das terceirizações, que impactam diretamente a vida das mulheres, com o agravante de que também usam ideologias fundamentalistas que recaem sobre o corpo e a vida das mulheres, a partir de uma visão conservadora do mundo.

O corte de investimentos em políticas públicas por 20 anos foi uma medida de grande violência contra as mulheres, pois o congelamento de recursos para saúde, educação e assistência social atinge profundamente a vida das mulheres, principais beneficiadas com estas políticas.

Por isso, cada 8 de março representa mais um momento e espaço de auto-organização, de construção, fortalecimento e discussão de estratégias que as mulheres têm encontrado pra se reunir e discutir.

A revolução das mulheres russas: a origem da data

A ideia de criar um dia internacional de luta das mulheres surgiu mais de 100 anos atrás, em um momento em que as trabalhadoras de vários países realizavam importantes manifestações e lutas pelos seus direitos, como a igualdade de salário, melhores condições de trabalho e pelo direito ao voto feminino.

Em 8 de março de 1917, as trabalhadoras russas realizaram uma imensa manifestação denunciando a fome e a miséria, reivindicando o fim do governo do imperador e defendendo que seu país não entrasse na Primeira Guerra Mundial. A luta destas mulheres “por pão e paz” foi tão importante que poucos meses depois, o povo russo conseguiu derrubar o governo, tomar o poder do Estado e construir uma sociedade em que todas as pessoas, inclusive as mulheres, tinham garantidos seus direitos básicos, como alimentação, trabalho e educação.

Assessoria de Comunicação