Com representações de sindicatos e movimentos de várias partes do país e delegações de trabalhadores de diversas categorias, as centrais sindicais brasileiras realizaram nesta quarta-feira (20), na Praça da Sé, um ato político contra a Reforma da Previdência do governo Bolsonaro. Milhares de manifestantes deram o recado: vai ter muita luta para impedir que o governo ataque a aposentadoria e a Previdência Social.
No dia em que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) entregou a proposta de reforma no Congresso Nacional, considerada por todos os manifestantes ainda pior que a de Temer, as centrais reafirmaram o repúdio à proposta e defenderam a unidade e a mobilização para barrar esse ataque.
CSP-Conlutas defende preparar a Greve Geral
Ao longo do ato, dirigentes e trabalhadores de várias entidades falaram de cima do caminhão de som que ocupou a frente da Catedral da Sé. A gravidade da proposta de reforma da Previdência, bem como os ataques do governo Bolsonaro já nos primeiros dias de mandato foram denunciados por todos.
O integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes falou em nome da central. O dirigente iniciou lembrando que a unidade das centrais, baseada na mobilização dos trabalhadores, construiu a Greve Geral, em abril de 2017, que foi fundamental para enterrar a proposta de reforma de Temer, e que agora isso novamente se faz necessário.
“Hoje, estamos vendo essa unidade se repetir e, no momento em que esse governo de ultradireita quer impor um ataque ainda pior, essa assembleia nacional tem o desafio de apontar o início da construção de um dia nacional de lutas, rumo a uma nova Greve Geral no país”, afirmou.
“A maioria dos trabalhadores, independente de quem votou, não concorda em piorar a sua aposentadoria. É tarefa da direção das centrais sindicais e das direções do movimento encabeçar essa luta. Precisamos construir comitês de luta nos estados, locais de trabalho e moradia e organizar a mobilização”, defendeu.
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, da Força Sindical, Miguel Torres destacou que o ato desta quarta é só o início da jornada de mobilização contra a reforma. “Se depender deles o futuro dos trabalhadores será a carteira de trabalho verde e amarela sem direitos trabalhistas e sem aposentadoria”, afirmou.
O presidente da CUT Vagner Freitas afirmou que a proposta apresentada por Bolsonaro hoje não é uma reforma, mas sim o fim da Previdência Social e do direito à aposentadoria, ressaltando ainda que os verdadeiros privilegiados, os políticos e a alta cúpula militar, não serão afetados.
“Todos estão sendo prejudicados com essa reforma, quem já está no mercado de trabalho e quem vai entrar. Por isso, trabalhadores, procurem os seus sindicatos, opinem, ajudem a construir a luta. Faremos o que for preciso para barrar a reforma, mas precisamos construir isso coletivamente. Participe, crie comitê de resistência no seu bairro, nas escolas, associações, onde for preciso. Procure o sindicato e vamos construir a luta”.
Representando um dos movimentos populares presentes ao ato, Irene Maestro, do Movimento Luta Popular, filiado à CSP-Conlutas, também falou aos manifestantes. Centenas de famílias do movimento haviam realizado um protesto por moradia em frente à CDHU, que fica próxima à Praça da Sé. “Nós não vamos aceitar essa reforma da Previdência. Estaremos juntos com o movimento sindical na luta e não vamos dar um minuto de trégua para Bolsonaro e os pilantras do Congresso que só sabem reservar para o povo pobre despejo, desemprego e repressão. Não vamos entregar nosso sangue e suor para eles”, afirmou.
Paulo Pedrini, da Pastoral Operária de SP, destacou que a Praça da Sé sempre foi um local simbólico para a luta da classe trabalhadora e lembrou quando fascistas foram escorraçados do local no passado. “Agora, temos um governo de ultradireita que quer atacar os trabalhadores e hoje as centrais deixam suas diferenças de lado, pois o momento é de unidade para derrotar essa reforma”, disse.
Dois fatos que chocaram nesse início de ano, o crime da mineradora Vale em Brumadinho (MG) e o anúncio do fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP) também foram destacados por vários dirigentes. Atnágoras Lopes destacou que esses ataques, assim como a Reforma da Previdência, revelam a ganância dos poderosos e que a luta dos trabalhadores e do povo pobre é que podem defender a aposentadoria, empregos e direitos.
A realização desse ato na Sé no dia da entrega da Reforma da Previdência ao Congresso Nacional foi fundamental para demarcar que o movimento sindical organizado e movimentos sociais lutarão contra os ataques à aposentadoria e aos direitos sociais. “Entretanto é preciso que as Centrais sejam consequentes e apontem a necessidade de preparação de uma Greve Geral. Não queremos que seja apenas uma proposta da CSP-Conlutas, mas que de fato seja organizada para barrar essa reforma de Bolsonaro”, avaliou o integrante da SEN Luis Carlos Prates, o Mancha, que também estava no ato na Sé. De acordo com Mancha, as Centrais deveriam abordar esse tema no ato.
Centrais organizarão outros dias de luta unificada
A Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora neste dia 20 lançou o Manifesto unificado das centrais sindicais contra Reforma da Previdência que afirma o início de um processo de mobilização nacional, com atos públicos e protestos nos locais de trabalho e bairros no próximo período, além de uma ampla campanha de conscientização da população sobre a gravidade da proposta.
O documento antecipa que será definido um dia nacional de lutas e mobilizações em defesas das aposentadorias e da Previdência, e que os dias 8 de Março – Dia Internacional da Mulher e 1° de Maio – Dia Internacional do Trabalhador também serão datas de mobilizações unificadas contra a reforma.
As centrais sindicais se reúnem novamente na próxima terça-feira (26) para avançar na construção do calendário de lutas.