Os servidores públicos foram às ruas ontem (28/10) em todos os estados do país contra a Reforma Administrativa (PEC 32) proposta pelo governo federal. A atividade fez parte do Dia do Servidor Público, e no centro do Rio de Janeiro o ato promovido pelo Fórum Permanente dos Servidores Públicos do Estado do Rio de Janeiro (FOSPERJ) contou com a participação de várias entidades e parlamentares. Após a manifestação foram projetadas diversas mensagens da campanha #VCPRECISASABER em prédios espalhados pela cidade.
De acordo com Renata Gama, professora da UERJ e integrante do FOSPERJ, a atividade teve a intenção de mostrar à sociedade carioca a importância do trabalho do servidor na prestação de serviços à população. Trata-se de uma campanha de médio a longo prazo, que precisa ser fortalecida também nas redes sociais com a participação de todos, complementou a diretora da Associação dos Docentes da UERJ.
“Toda a população precisa lutar, porque esta reforma significa uma destruição do que temos ainda de serviço público no país. A continuação da emenda constitucional 95, o teto que limitou os gastos na saúde e na educação. Só neste ano deixou de ser investido no SUS cerca de R$ 1 bilhão, e eles querem reduzir ainda mais com o corte dos postos de trabalho. Até 2022 vão se aposentar vários servidores e a ideia não é abrir concurso, que é uma forma de não ter pessoas capacitadas para os postos e sim manter os guardiães do Crivella, pessoas indicadas, que não são tecnicamente de acordo com os cargos”, criticou.
Além da participação de várias entidades de classe e movimentos sociais, também estiveram presentes alguns parlamentares. Segundo o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), é fundamental a mobilização social para virar o jogo proposto pelo governo. Embora existam alguns deputados da oposição comprometidos com o serviço público, eles representam uma minoria e daí a importância de pressão popular para convencer os deputados do centrão contra a agenda de desmonte, complementou. A esperança nesta luta, concluiu o deputado, é que os ventos progressistas bolivianos e chilenos soprem no Brasil.
“Isso não acontece por acaso, e sim a partir de um processo contínuo de mobilização. Este é mais um ato numa jornada até que a gente consiga derrotar a reforma administrativa e o que vem junto com ela. É um pacote da agenda ultraliberal, hoje pela manhã eles anunciaram algo que nunca tiveram coragem, que é a privatização da saúde começando pelas unidades básicas apresentando como uma proposta de governo. Se não tiver reação contundente e permanente com força da rua eles emplacam esta agenda”, afirmou Braga.
Para a deputada estadual Rejane Enfermeira (PCdoB-RJ), candidata a vice-prefeita da chapa Benedita (PT-RJ), o dia do servidor tem que ser na rua porque não vem de hoje o ataque aos serviços públicos. Segundo ela, desde o governo Fernando Collor de Mello, que chamava os servidores de marajás, passando pelo governo Fernando Henrique Cardoso, ocorre estas ameaças e a reforma administrativa as colocam em pauta novamente.
“Temos que estar na rua, porque o patrão do servidor público é o povo e não aquele que de quatro em quatro anos se elege para assumir um cargo no executivo. Devemos estar na rua defendendo nossos direitos, exigindo nossa valorização, plano de cargos e salários, qualificação e condições de trabalho. Se não é a bagunça administrativa que vemos sempre nesse país e agora ainda mais aprofundada. Lutamos para que esses trabalhadores mostrem o quanto são importantes para a máquina pública”, destacou.
Mais de 400 mil servidores públicos, representados por 25 entidades em todo o país, lançaram nesta semana uma campanha unificada de conscientização sobre as ameaças aos direitos dos servidores e retrocessos nos serviços públicos oferecidos à população com a Reforma Administrativa e a PEC Emergencial apresentadas pelo governo federal. O Movimento a Serviço do Brasil realizará uma ação integrada nas redes sociais, publicidade e comunicação das federações e sindicatos ligados ao Judiciário, Executivo e Ministério Público.