A Reforma da Previdência será votada CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado nesta quarta-feira (4). Como parte das ações para barrar esse projeto que prevê o fim das aposentadorias, as centrais sindicais definiram um novo calendário de mobilização, que segue mantendo a luta contra a Reforma da Previdência, bem como contra todos os outros ataques do governo.
Adriana, em sua fala, questionou a mudança no conceito de solidariedade que existe na Previdência Social e que será mudado caso a reforma passe, além de outros projetos que já são lei no país e agravam esse quadro de precarização contra o trabalhador. “O regime de capitalização promove a individualização do benefício, e a sociedade deixa de ver a Seguridade Social de forma global, isso, em um contexto de crise econômica e das diversas reformas que estão sendo colocadas e que retiram direitos. Será impossível que a classe trabalhadora consiga chegar aos seus 40 anos de contribuição”, pontuou a dirigente.
Confira a fala completa da dirigente:
O calendário de luta se intensifica essa semana e continua na terça-feira (3), véspera da votação na CCJ, com um dia de pressão, com a presença de lideranças sindicais no Senado em protesto contra a Reforma da Previdência.
No sábado (7), será o Grito dos Excluídos, e 20 de setembro, será o dia em que movimentos estão convocando manifestações em defesa do Clima a exemplo de outros países, também iremos às ruas nos somar aos atos e levar a bandeira da luta contra a Reforma da Previdência.
No dia 24, está prevista a votação em 1° turno no Senado, e as centrais sindicais também programam protestos em Brasília.
Entenda a tramitação da Reforma da Previdência e nova PEC que piora acesso ao direito de se aposentar
O relator da Reforma da Previdência na CCJ, o senador Tasso Jereissati (PSDB), leu seu parecer na quarta-feira (28) avançando na tramitação do texto no Senado. A previsão é que a votação no plenário ocorra nos dias 24/9 (1° turno) e 10 de outubro (2° turno).
O parecer propõe algumas alterações em relação ao texto aprovado na Câmara dos Deputados, a principal delas o que já havia sido acordado com o governo Bolsonaro: o encaminhamento de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que tramitará de forma paralela à atual.
Com isso, só as mudanças propostas nessa nova PEC voltarão para a Câmara, e a fixação da idade mínima e aumento no tempo de contribuição aprovadas pelos deputados em agosto, por exemplo, já começarão a valer assim que o Senado aprovar o texto-base.
A nova PEC amplia e aprofunda ainda mais os ataques às aposentadorias, com a extensão da Reforma da Previdência para estados e municípios, atacando a aposentadoria de professores e servidores públicos.
Segundo a proposta, para os estados que adotarem integralmente as regras, os municípios estarão automaticamente inclusos. Nesse caso, as cidades que não quiserem ser inclusas, terão que desfazer essa adoção integral em até 360 dias, por lei complementar. Já para os estados que não adotarem, a iniciativa de ter as regras da reforma deve partir dos próprios municípios.
E pode piorar. O governo Bolsonaro age para retomar a proposta de capitalização, que acaba com o atual regime de repartição solidária da Previdência, para permitir sua privatização. Este ataque pode ser incluído por meio de uma emenda pelos deputados.
Tasso Jereissatti propôs a retirada de alguns pontos da reforma aprovada na Câmara, que não implicarão no retorno do texto para os deputados, como a exclusão de alterações no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e de regras da aposentadoria especial. Mas isso, o governo Bolsonaro também já declarou que vai agir para impedir na votação no Senado.
Em resumo: o fato é que essa Reforma da Previdência segue significando uma restrição brutal da concessão das aposentadorias e benefícios do INSS. É o fim do direito à aposentadoria e da Previdência Social.
A luta não pode parar
Na velha política do toma-lá-da-cá, Bolsonaro conseguiu aprovar a reforma da Previdência na Câmara após a deliberada compra de votos de deputados com cargos e liberação de verbas. Foram mais de R$ 3 bilhões, inclusive retirados dos recursos da Educação, para comprar votos de 379 deputados picaretas.
Mas, como demonstra pesquisa divulgada essa semana que revela que 52% da população é contra a reforma e acredita que ela só beneficia os mais ricos, a classe trabalhadora já percebeu que este governo quer destruir a Previdência Social e acabar com as aposentadorias.
“A CSP-Conlutas vem travando uma luta sem tréguas contra essa reforma, desde às iniciativas unitárias entre as centrais sindicais no início do ano, à convocação e organização dos dias de luta em defesa das aposentadorias, principalmente da Greve Geral de 14 de junho. Defendemos que é somente através da mobilização que é possível barrar este brutal ataque às aposentadorias e esse é o chamado que temos feitos às demais centrais ”, destacou o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da Central, Paulo Barela.
“Infelizmente, a cúpula das maiores centrais como a CUT e Força Sindical não chamaram uma nova greve geral depois de 14 de junho, como defendia a CSP-Conlutas, o que facilitou para o governo aprovar a reforma na Câmara. O papel vergonhoso dos governadores, inclusive do PT e PCdoB, que estão a favor da reforma em seus estados e municípios, também foi uma traição”, ponderou Barela.
“Mas o fato é que à Reforma da Previdência se somam outros graves ataques, como a MP 881, que já é conhecida como a MP da liberdade para escravizar, ao meio ambiente, aos povos indígenas e quilombolas, à educação e ciência, à soberania e ao patrimônio nacional. Portanto, a luta contra este governo e seus ataques segue mais necessária que nunca. Estaremos na construção do calendário de luta definido, mobilizações da classe e seguimos fazendo o chamado às centrais e direções do movimento para mobilizar e avançarmos na construção de uma Greve Geral”, concluiu.