Nem a reforma Trabalhista, nem a reforma da Previdência ou mesmo essa minirreforma trabalhista de Bolsonaro vão gerar emprego e qualidade de vida aos trabalhadores conforme prometido pelo presidente e seu governo. A vida vai piorar!
Dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados nesta quinta-feira (15), confirmam: um quarto dos desempregados do Brasil, 3.347 milhões de pessoas, está em busca de emprego há pelo menos dois anos.
O registro mostra que em um ano, cresceu em 196 mil pessoas o número de pessoas que procuram emprego há dois anos ou mais.
Quando a referência é o ano de 2015, esse total vai para mais de 100%, pois na época eram 1,435 milhão de pessoas em busca de emprego há pelo menos dois anos naquele período.
O economista Cosmo Donato, da LCA consultores, afirmou à FSP que esse alto índice está ligado à duração da crise. “A economia não reage, não consegue gerar postos de trabalho, e o tempo que as pessoas passam procurando emprego aumenta”.
Economistas consultados pela FSP afirmaram que esse número de 3.347 milhões de pessoas é preocupante.
A maior parte, 45,6%, dos desocupados estava de um mês a menos de um ano em busca de trabalho; 14,2%, de um ano a menos de dois anos e 14,0%, há menos de um mês.
Um dos graves problema dos que estão há dois anos ou mais fora do mercado é a dificuldade de reinserção. Quanto maior o período do desemprego, maior é a dificuldade de voltar ao mercado de trabalho, afirmam os economistas.
A atualização no mundo do trabalho tem sido rápida e isso se agrava com a concorrência alta com pessoas mais qualificadas, que acabaram de sair de outro emprego ou de uma instituição de ensino. “É um problema que se retroalimenta. A pessoa fica cada vez mais ‘sucateada’”, salienta Donato.
Esta situação pode excluir a pessoa definitivamente da força de trabalho. O resultado é que o país perde essa mão de obra terá afetado o crescimento ao longo prazo com a retração do mercado consumidor.
Há ainda aqueles que desistiram de procurar emprego no segundo trimestre, os chamados desalentados. Esses somaram 4,9 milhões de pessoas, ou seja, 4,4% dos desempregados, um recorde da série histórica. São as pessoas cansam de procurar emprego depois de anos de recusa. Segundo o IBGE, a Bahia tem o maior número de desalentados, 766 mil pessoas, seguida do Maranhão, com 588 mil.
Em declaração à FSP, o diretor do (Ceert) Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades Daniel Teixeira, alertou que o desemprego impacta mais mulheres, negros e jovens. “Isso está ligado aos processos históricos de exclusão. Em um momento em que há uma ameaça de crise mundial, precisamos lembrar o quanto o impacto da crise é desproporcional”, reforçou.
Esta situação agregada à reforma Trabalhista e à MP (medida provisória) 881, da “Liberdade Econômica”, que permite às empresas explorarem com liberdade total os trabalhadores, num projeto de semiescravidão, vem para obrigar os que buscam emprego aceitar qualquer vaga que apareça sem direitos regulamentados.
De acordo com o próprio PNAD, essa “É uma inferência que pode favorecer inserções em ocupações de menores rendimentos, sem vínculos formais, como os ‘conta própria’ ou sem carteira de trabalho, e até mesmo no desalento”.
Além disso, a não reinserção imediata no mercado de trabalho também agravará a situação das pessoas para se aposentarem. “Falaram que a reforma da Previdência vai gerar empregos. Mentira. Vai acabar com as aposentadorias e aumentar a miséria”, afirmava texto da Central. Esse tempo de longe do trabalho terão a aposentadoria ainda mais dificultada.
Os dados comprovam. Não é possível acreditar nas promessas do governo Bolsonaro de geração de emprego e melhoria de vida para a classe trabalhadora. Estamos vivendo um momento de destruição dos direitos, do emprego, das aposentadorias, da educação, meio ambiente e muito mais. É necessário reagir a esses projetos ultradireitistas.
Fonte: CSP-Conlutas