“Viemos de todo o canto botar pra fora o Bolsonaro” foi um dos cantos que ecoou em Brasília na manhã de hoje, dia 14 de agosto, pela voz de 100 mil margaridas de todo o Brasil. A Marcha saiu logo cedo do Parque da Cidade, puxada pelas delegações do Nordeste, trazendo a força das mulheres nordestinas que representam uma resistência fundamental nesse momento. Como contou Manuela, da MMM de Caruaru (PE), “como mulher negra, lésbica e nordestina eu tenho obrigação de estar aqui lutando contra o fascismo e a hipocrisia que estamos vivendo no nosso país”.
No bloco da Marcha Mundial das Mulheres, mais de 1.200 mulheres de 20 estados mostraram irreverência e criatividade com uma grande batucada, faixas, adesivos e a boneca Chiquinha. Segundo Conceição Dantas, do RN e da coordenação nacional da MMM, a importância da Marcha das Margaridas é “aglutinar as forças populares do campo, para lutar por um Brasil soberano, onde homens e mulheres possam viver com igualdade, e para que o campo seja de fato um lugar bom para se viver”.
Cores, cantos, faixas e cartazes: foram várias as formas que as margaridas usaram para expressar o sentido político desta imensa mobilização. Afirmaram a luta pela terra e os territórios com agroecologia e a soberania alimentar, denunciaram as violências machista e racistas, construíram solidariedade e força coletiva para enfrentar esse período de resistência a ofensiva conservadora, neoliberal e autoritária que ataca as condições de vida.
“Nós estamos aqui hoje, as margaridas, pra remover esse lixo autoritário, machista, racista, LGBTfóbico que se instalou nesse governo, no lugar onde ele nunca deveria estar. Eles querem tirar a nossa força, as nossas terras, a terra da agricultura familiar, eles querem roubar as terras dos indígenas, as terras dos quilombolas e é por isso que estamos aqui hoje”, disse Sonia Coelho, da coordenação da MMM.
Para a MMM, a marcha das margaridas é um processo que vai além da mobilização e fortalece a organização popular: “Para nós, margaridas, esse não é um ato final. É uma resposta para eles que querem nos impor um projeto ultraneoliberal, um projeto de morte, o projeto do desemprego, o projeto da fome, o projeto que quer controlar o nosso corpo e a nossa vida, que quer controlar a nossa sexualidade, que mata as mulheres negras. A nossa resposta é essa: nossa força. É a força da organização das mulheres do campo”, disse Sonia.
A Marcha das Margaridas colocou as mulheres e os movimentos sociais do campo democrático e popular em outro patamar na resistência. Andréa Butto, da MMM de Pernambuco, reforçou que essa marcha “expressa mais uma vez o protagonismo das mulheres nas transformações sociais do nosso país”. E pela experiência feminista e popular, a resistência e a denúncia se fortalecem com a construção de respostas concretas e formas de organização da vida, do trabalho e das relações baseadas dos princípios da igualdade e da solidariedade.
No encerramento do ato, Sonia demarcou o lado em que estamos: “enquanto eles semeiam o veneno no nosso alimento, enquanto eles semeiam o ódio, nós semeamos o feminismo, a agroecologia em todos os cantos desse país. Semeamos, como Margarida Maria Alves, a luta, a organização. Então, essa é a nossa resposta. É para isso que estamos lutando e que vamos voltar para cada canto desse país , para cada comunidade, cada sindicato, cada grupo de mulheres para dizer: Fora Bolsonaro, Fora Bolsonaro!”
Fonte: Marcha Mundial de Mulheres