CSP-Conlutas – Mais uma vez, Bolsonaro elogia ditadura militar e um dos maiores torturadores do país, o coronel Ustra

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Nesta quinta (8), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) convidou para almoço, no Palácio do Planalto, Maria Joseíta Ustra, viúva coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador da ditadura militar, cujos crimes tenebrosos foram reconhecidos pela Justiça.

Não bastasse o desrespeito à história sombria do país durante a ditadura, o presidente de ultradireita justificou a iniciativa porque a viúva “tem histórias maravilhosas para contar”, clamando novamente o torturador como “herói nacional”.

“Tem um coração enorme, sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer”, disse descaradamente Bolsonaro à imprensa.

A atitude do presidente se dá poucos dias após Bolsonaro negar a história brasileira e afirmar que Fernando Augusto Santa Cruz, pai do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, desaparecido durante o regime militar, foi assassinado por militantes de esquerda.

Após tal declaração, empossou na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos militares que defendem torturadores.

A Comissão Nacional da Verdade, em 2104, confirmou o número de 434 mortos e desaparecidos sob a ditadura militar, para além dos milhares de presos, torturados e perseguidos.

O coronel Ustra, tão elogiado por Bolsonaro, está entre os 377 responsáveis diretos ou indiretos pela prática de tortura e assassinatos durante o período. Em 2008, foi o primeiro militar condenado pela Justiça por prática de tortura no decorrer do regime.

Em São Paulo, na década de 1960, chegou a existir a Oban (Operação Bandeirantes), organizada de maneira clandestina, formada por militares, agentes e delegados civis e federais, que torturavam e desapareciam com militantes comunistas. Foi financiada por grandes empresas nacionais e internacionais entre elas a General Motors e Ultragaz cujo presidente da empresa, Henning Albert Boilesen, fazia questão de assistir as torturas.

Após o AI-5, foi criado DOI-Codi, órgão dos mais cruéis da repressão da ditadura brasileira. Entre 29 de setembro de 1970 a 23 de janeiro de 1974, período em que o coronel Ustra, tão elogiado por Bolsonaro, esteve à frente desse órgão, foram registradas ao menos 45 mortes e desaparecimentos no DOI-Codi.

Ao elogiar Ustra e a ditadura militar, Bolsonaro não somente agride profundamente os direitos humanos, as vítimas da ditadura e o Estado de Direito como defende um dos períodos em que mais foram cometidas atrocidades criminosas por parte do Estado no Brasil.

Fonte: CSP-Conlutas